sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Oi, menina.
Se eu pudesse pegar sua mão e te contar coisas, eu começaria dizendo que afirmarão coisas sobre você desde antes do que você possa se lembrar. Farão comentários sobre sua aparência, inteligência. Dirão o que você será quando crescer. Terão opiniões formadas sobre seu gênio difícil e suas malcriações. Sua timidez será vista como frescura. Isso vai ser internalizado e tão solidificado em você que anos mais tarde, já adulta, ainda vai buscar respostas e ter que ressignificar suas crenças. Tudo isso te tornará mais delicada ao falar da aparência dos outros ou quanto aos comentários que fizer, mas a um preço alto. Chore, menina. Bata o pé e questione o mundo. Não aceite o que dizem que você é. Ninguém é você. Ninguém te conhece de dentro, só você. Se eu pudesse pegar sua mão, eu daria um beijo e diria: seja o que você quiser. Explore o mundo, conheça suas habilidades, teste o que te faz bem e o que você faz bem. Se dedique a isso e não dedique seu tempo a agradar. As pessoas têm seus próprios conflitos e você não vai conseguir agradá-las, porque o que elas são não é sobre você. Se cada um tivesse coragem de lidar com suas próprias merdas e resolver suas próprias questões seria melhor, mas não é assim, e isso não é culpa sua. 

Não é culpa sua.
 

"Acho que vem daí a palavra solidão, pessoas tão sólidas que ninguém vem checar se estão ruindo".
Mariana Salomão Carrara - se deus me chamar não vou

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