quinta-feira, 8 de março de 2012

(re)conceituando

Eu achava que o amor era problema, que tinha que doer. Cresci acreditando que "todo grande amor só é bem grande se for triste". Estava certa de que a intensidade do sofrimento e a proporcional alegria eram resultado obrigatório de uma relação. Que das migalhas de coisas boas que ele -o amor- deixava cair no chão, tínhamos que aproveitar ao último grão. Cansada de recolher pedacinhos de afeto e de mim, achei por bem erguer um muro que não permitisse contato. Recolhi a ele também o sentimento e sufoquei-o comigo. Abandonei, me abandonei. Passei a vida amando "que nem louca" pra compreender que quando se ama de verdade não é "que nem louca". 

O amor não dá migalhas, hoje eu sei. Tenho aprendido emocionada. O amor acompanha, estende as mãos e às vezes nem se diz amor, ele se mostra. Se mostra em carinho, beliscões, mordidas, cheiros. Se mostra em abraço, em presença, em afeto, em cócegas. O amor aparece nos olhos, na vontade de chorar de alegria, de agradecer todos os dias, no reconhecimento da importância de alguém. Na capacidade de rir de, para e com o outro. Gargalhadas deliciosas que melhoram a divisão do edredom no meio do filme. Sensação de que não há sofá pequeno, colchão desconfortável ou distância que seja suficiente para tornar o que quer que seja difícil. Porque o que se deseja é estar com, não importa como. Porque se sabem ali, juntos, prontos, amados.

Que contraditório seja, mas para amar alguém talvez a última coisa que você precise seja dizer.

1 comentários:

Anderson Nicolau disse...

Poxa é ótimo seu blog um dia ainda gostaria de fazer alguma coisa assim!!!! Não pare de escrever. Obg

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