que leva o amor ao último andar.
Estamos descalços e o mármore gela
os nossos pés. Sobe pelo corpo o
tremor do castelo que desmorona.
Então vamos. Segura firme no corrimão.
Respire fundo. Subir tão alto dá
vertigem e olhar pra trás deixa-nos
cegos. Os erros são medusas intransigentes,
arrancam as nossas lembranças boas
e tatuam os desaforos e
mágoas.
Por isso: marche! Ainda estou contigo.
Para ir até o fim da paixão deve-se estar
acompanhado.
Sinta meu perfume enquanto o vento
do tempo sopra esse bafo de mudança.
Se quiser dou-lhe o braço. Entraremos
no salão da grande dança.
A quadrilha dos desafortunados só
começa quando o poeta recita a dor de um
adeus.
Pronto. Mais alguns passos e poderemos
nos soltar no espaço. Livres. Serenos. E
tristes.
Vamos logo. Não há mesmo como evitar a
covardia.
Não há coragem para se ir até o fundo.
É isso, meu amor, agora só mais um degrau
e você estará - de novo - em paz
com seu coração vazio. Por isso:
Vamos!
O nada não inspira, não treme os sexos,
não dá calafrios, nem ciúmes;
não cria o ódio, nem teme o abandono.
Ali você poderá descansar sem culpa,
remorsos, sonhos estúpidos.
Amar proibido é muito. Causa tanto
estrago...
E por isso, por Tudo isso, vamos!
No final devo pedir perdão por tê-lo
tocado.
Agora pode largar minha mão. Pode
partir.
Lembre-se ou esqueça-se de mim.
Coração quebrado tem cura: a paz de não
precisar mais esperar a perfeição que não
existe.
Fernanda Young
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