sábado, 2 de maio de 2020

Sobre estar só,

eu estou aprendendo...

2020 começou com um fim. Foram 8 anos de perguntas no plural. Como vocês estão? O que vocês querem? O que vocês acham? Quem eu era, não sou mais. E não sei mais quem sou. Porque fomos por muito tempo. 

Parece que fichas caem aos poucos e uma delas me trouxe de volta aqui. Essa semana estava trabalhando a produção escrita em blog com alguns alunos e me lembrei desse canto. Mais um canto de mim que ficou esquecido nesse tempo. Eu deixei de escrever e, com isso, me deixei. Escrever sempre foi minha forma de dar vazão ao que sufoca, de organizar o caos, de mergulhar nos sentimentos e saber o que fazer com eles. Não era algo que fazia por alguém, era algo que fazia por mim. É possível reconhecer que amamos e fomos felizes num relacionamento um pouco abusivo? Nunca fui violentada (fisicamente). O abuso esteve na invasão da minha existência a ponto de que eu não saube mais quem era. Obviamente nos transformamos com o tempo, não é isso. É uma transformação mais profunda, que acontece mais sutil e constantemente dentro da relação. É o não se achar bonita ou interessante, porque coisas negativas foram apontadas e reforçadas por tantas vezes que você se questiona se algum dia fez alguma coisa certa, por exemplo. Espero que você não entenda. 

Sempre tento amadurecer minhas decisões para evitar o "e se?". Ele sempre me matou e não o suporto. Então, eu tento até ter a certeza de que tentei tudo o que podia tentar. Doei. Mergulhei. Amei. Investi. Sonhei. O problema é que fiz tudo isso no relacionamento sem nunca ter feito tudo isso sozinha. Eu nunca me doei, mergulhei, amei, investi e sonhei comigo mesma. Quando amadurecida a decisão, acabei. Mas aí o que sobrou pra mim? Caco. Lado bom é que sempre gostei de quebra-cabeça, então bora catar e colar caco. 

Nesse momento, me sinto feliz. Mesmo. Eu sei que o mundo está em pandemia e crise e esse escroto do caralho desse presidente de merda nos governa. Não tô feliz por nada disso. A felicidade é mais tímida, interna e egoísta. É que está gostoso olhar pra mim e me redescobrir. Estou lendo mais, trabalhando melhor, estudando novamente, jogando tabuleiro com os amigos (ação em pausa na quarentena, óbvio - fica em casa, demônio), jogando video game, organizando minhas finanças, fazendo alguns tímidos novos planos... E não estou pensando em ninguém além de mim. Ainda não quero outro par. 

Acho que, apesar dos pesares e apesares, é um feliz ano-novo pra mim.

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