Engraçado como algumas coisas ficam guardadas, sem que a gente se dê conta. Quando fazemos uma faxina, ou nos propomos a organizar um pouco as coisas, surgem fotos, cartas, papéis. Com os sentimentos também funciona assim. Quando estamos organizando nossa "casa", descobrimos que algumas coisas ficaram ali, guardadinhas e, embora (talvez) um pouco diferentes, não deixaram de existir. Alguns dos sentimentos são atemporais, nos seguem, nos acompanham, crescem conosco. Há os que doem muito, há os que trazem boas sensações, os que permanecem adormecidos, os que não nos esquecemos.
Vejo o amor assim. Sempre amor, mesmo que mude. Mesmo que sua forma seja diferente, que sua intensidade seja maior ou menor, mesmo que esteja disfarçado, mesmo que o tempo passe, mesmo que outros amores venham, mesmo que outros amores vão, é sempre amor.
E a vida, que não poderia deixar de atuar, faz a sua parte. Faz coisas que não entendemos no momento, ou talvez nunca, mas que acredito serem necessárias. Necessárias ao crescimento, evolução, aprendizado, amadurecimento. Amadurecimento de nós mesmos, de nossas relações, de nossas certezas. A gente muda, e cresce. A gente sente saudade, e descobre que algumas pessoas não nos esquecem. A gente chora, e descobre que alguém nos ama. A gente se sente sozinho, e vê que uma mão se estende. A gente perde, e isso torna o reencontro fascinante. A gente sente a dor, talvez, para que as alegrias sejam mais saborosas e melhor aproveitadas. O sofrimento não é vão, mas vejo que, até para sofrer, é necessário sabedoria.
As minhas dores estão sempre ligadas a algo que amo e que me foi tirado, seja pela vida, pela morte, pela distância. "Toda dor repousa na vontade, todo amor encontra sempre a solidão." Tenho lições diárias, de mim para mim mesma, de como enxergar meus vazios como oportunidades de crescimento, de ser melhor, de aprender. E é tão difícil, porque a saudade é firme, insistente e não abandona.
Mas vou tentando, sempre.
1 comentários:
Te Amo!
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